segunda-feira, 16 de março de 2009

Novo presidente da CBA dará incentivo à formação de novos pilotos no Brasil

Aos 51 anos, Cleyton Pinteiro assume cargo com o desafio de fomentar categorias de base de monopostos e o kart regional

Um novo futuro para o automobilismo brasileiro. Esta é a promessa de Cleyton Pinteiro, de 51 anos, novo presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), que tomou posse nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro. O dirigente prometeu especial atenção para as categorias de base do esporte, principalmente ao kart e categorias de monopostos.

O dirigente recebeu o GLOBOESPORTE.COM para um papo na sede da CBA, localizada no bairro da Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro. Com uma diretoria formada por pessoas ligadas ao automobilismo, como Ingo Hoffmann, Paulo Gomes, Felipe Giaffone e Binho Carcasci, Pinteiro quer preencher a lacuna entre o kart e a Fórmula 3 no desenvolvimento de pilotos no Brasil. Confira abaixo os melhores momentos da entrevista com o novo presidente da CBA.

História no automobilismo:

"Milito no automobilismo há aproximadamente 35 anos. Iniciei empurrando o kart do meu irmão. Achei aquilo bonito e passei a ser piloto. Sempre pensava no pessoal que montava a estrutura para correr e, no dia em que parasse, iria para o outro lado do muro. Fui piloto, dirigente de clube, presidente de federação, diretor da CBA, vice-presidente da CBA. O automobilismo está no meu sangue, adoro isso e queria dar a minha contribuição nesses quatro anos na presidência da confederação."

Incentivo ao kart:

"O kart é a grande escola. Ele cresceu em nível nacional, mas desapareceu no regional. Quero fazer um trabalho junto às federações para revitalizá-lo, tornando-o mais barato. Hoje ele é caríssimo. Já entrei em contato com os fabricantes para que toda benesse fosse feita para o piloto. O kart brasileiro maior é em São Paulo, todo piloto sonhava em correr lá, e hoje o kartismo regional no estado está acabado. Essas palavras não são minhas, são do presidente da Federação Paulista, que me pediu ajuda. Tenho uma meta que é salvar o kart, e depois as demais categorias de base."

Categorias de base nos monopostos:

"Hoje o piloto sai do kart e se não for para o turismo, acabou. Se ele for rico, vai para a Inglaterra, senão, é fim de carreira. Estamos pensando no pós-kart. Estamos com um projeto muito bom, que é o campeonato entre universidades. A CBA tem 20 carros parados e vamos fazer um contrato com as entidades, com os cursos de mecânica. Daremos um regulamento técnico, os engenheiros mecânicos vão preparar os carros e cada universidade vai adotar um piloto, com no máximo 16 anos e oriundo do kart. Já é um princípio. Uma grande montadora deverá lançar um campeonato de monopostos. Não posso revelar ainda porque é um problema interno, mas o automobilismo brasileiro vai ser premiado com um campeonato em breve."

Papel da CBA na organização dos campeonatos:

"A CBA não é promotora, e sim supervisora da parte técnica-desportiva do automobilismo nacional. Mas faremos o que for necessário, ir a alguma montadora. O monoposto tem de ser ressucitado e a CBA tem a obrigação de brigar por isso. Ela vai procurar quem promove o evento para incentivar, diminuindo taxas. Alguma coisa precisa ser feita. Temos hoje bons pilotos na Fórmula 1, mas não sei se eles têm substitutos."

Mais estados filiados:

"Gostaria muito que ao final do meu mandato todos os estados brasileiros estivessem representados na CBA. Adianto que as federações do Espírito Santo e Sergipe estão pedindo filiação, a de Alagoas também. Acredito que todas elas estarão representadas de forma efetiva, fazendo o automobilismo dentro da realidade local. Não vou querer que um estado pobre faça o mesmo de São Paulo, mas faça um esporte local forte, com novos talentos."

Autódromos no Brasil:

"Na semana que vem estarei em Campo Grande e tenho a promessa de que o circuito será recapeado. No Nordeste, há um compromisso para que a pista de Caruaru fique em condições. Mas para que isso aconteça eu preciso oferecer alguma coisa. Quero que os campeonatos brasileiros sejam realmente brasileiros e não apenas no Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Não posso exigir que o cara faça um autódromo e não leve corrida para lá. Falarei com o governo de Goiás porque eles têm um belo autódromo lá e ele está abandonado. A CBA vai procurar quem é o dono para rever isso."

Volta do Brasileiro de Marcas:

"Uma outra novidade é o Campeonato Brasileiro de Marcas, que acabou por causa dos custos. Temos uma crise, mas precisamos ter criatividade. Pedi ao Comitê Técnico Desportivo Nacional (CTDN) para elaborar um regulamento barato, dentro da realidade brasileira. As federações farão campeonatos regionais, e no final do ano, em um final de semana, um brasileiro. Mas tem uma regra: para ele participar do Brasileiro, ele terá de participar de pelo menos 90% do regional. Essa é uma maneira de fortalecer a federação e criar um automobilismo muito forte."

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